quarta-feira, 7 de maio de 2014

Células-tronco humanas conseguem regenerar coração de macaco

Tratamento foi capaz de regenerar 40% de tecido danificado por infarto.
Resultado traz esperança de que estratégia possa ser usada em humanos.

 

Cientista Charles Murry mostra um recipiente com células cardíacas derivadas de células-tronco humanas em seu laboratório  (Foto: Clare McLean/University of Washington/Divulgação)

Cientista Charles Murry mostra um recipiente com células cardíacas derivadas de células-tronco humanas em seu laboratório (Foto: Clare McLean/University of Washington/Divulgação)

Células de fibras musculares cardíacas produzidas a partir de células-tronco embrionárias humanas foram capazes de estimular a recuperação de corações infartados de macacos. Esse resultado, descrito em um artigo publicado nesta quarta-feira (30) na revista científica “Nature”, representa uma esperança de que uma estratégia semelhante possa ser bem sucedida também em humanos.

Até então, o método havia sido testado com sucesso apenas em mamíferos menores, como camundongos e ratos. “Antes deste estudo, não se sabia se era possível produzir um número suficiente dessas células e usá-las para regenerar músculo cardíaco danificado em um animal grande, cujo coração tem tamanho e fisiologia similares aos dos humanos”, diz o cientista Charles Murry, professor de patologia e bioengenharia da Universidade de Washington e um dos autores da pesquisa.
Para testar a terapia, Murry e sua equipe induziram um tipo de infarto no coração de sete macacos, bloqueando a artéria coronária dos animais por 90 minutos. Os animais estavam anestesiados durante o processo. Duas semanas após o infarto induzido, os pesquisadores injetaram no coração de cada macaco um bilhão de células musculares cardíacas derivadas de células-tronco embrionárias humanas. Todos tinham recebido terapia imunossupressora para evitar a rejeição das células humanas transplantadas.
Imagem mostra enxerto de células cardíacas derivadas das células-tronco humanas (em verde) entrelaçadas com as células cardíacas do primata (em vermelho)  (Foto: Murry Lab/Universidade de Washington/Divulgação)
Imagem mostra enxerto de células cardíacas derivadas das células-tronco humanas (em verde)
entrelaçadas com as células cardíacas do primata (em vermelho) (Foto: Murry Lab/Universidade de
Washington/Divulgação)

O resultado foi que as células injetadas se integraram ao tecido danificado pelo infarto e começaram a apresentar batimentos em sincronia com as células cardíacas do animal. O tratamento conseguiu, em média, uma regeneração de 40% do tecido cardíaco danificado. Em alguns dos macacos, a estratégia resultou em uma maior capacidade de bombear sangue. Foi verificado também que vasos sanguíneos cresceram através do tecido cardíaco novo, derivado das células humanas.
“Os resultados mostram que nós podemos agora produzir o número de células necessário para terapia humana e obter a formação de músculo cardíaco novo em uma escala que é relevante para melhorar a função do coração humano”, disse o pesquisador Michael Laflamme, também professor da Universidade de Washington.

Os próximos objetivos da pesquisa serão reduzir o risco de arritmias – observadas nos macacos estudados – e demonstrar definitivamente que o tratamento com células-tronco é capaz de aumentar a capacidade de bombeamento do coração.

Fonte: Programa Bem Estar














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