Por Gustavo Kerntopf
Será que devemos nos preocupar com estes dados do EBOV? Antes de responder a questão cabe algumas considerações sobre este agente infeccioso.
O EBOV apareceu pela primeira vez no ano de 1976, simultaneamente em dois focos, Nzara no Sudão e Yambuku na República Democrática do Congo - RDC. O nome da doença deu-se devido às infecções que ocorreram em uma aldeia situada perto do rio Ebola na RDC.
Trata-se de um vírus filamentoso de 970nm comprimento por 80nm de diâmetro. Caracteriza-se por apresentar genoma de RNA linear fita-negativa que, com tamanho entre 18-19 kb, codifica sete proteínas.
Sua origem é desconhecida, mas, acredita-se que a partícula foi introduzido para a população humana por meio de contato direto com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de animais infectados. Na África, a infecção foi documentada através da manipulação de chimpanzés infectados, gorilas, morcegos, macacos, antílopes florestais e porcos-espinhos encontrados doentes ou mortos ou na floresta.
A detecção do EBOV pode ser revelada por laboratórios através de vários tipos de ensaios:
- Ensaio imunoenzimático de captura de anticorpos (ELISA);
- Testes de detecção de antígeno;
- Teste de soroneutralização;
- Transcrição reversa da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR);
- Microscopia eletrônica;
- Isolamento de vírus em cultura celular.
O período de incubação, ou o intervalo de tempo entre a infecção e o início dos sintomas, é de 2 a 21 dias. O paciente torna-se contagiosa, uma vez que começam a mostrar sintomas. Eles não são contagiosos, durante o período de incubação, desde que não haja troca de fluídos.
Os principais sintomas que os pacientes apresentam são a febre repentina, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e dor de garganta. Esses sintomas são seguidos por vômito, diarreia, erupções na pele, redução das funções dos rins e fígado e sangramento interno e externo intensos. Parece tenso!!!
Portanto, para responder a questão anterior indico três pontos para nos preocuparmos com EBOV:
Em 23 de março deste ano, o Ministério da Saúde da República da Guiné (Guiné-Conacri) notificou a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre um surto de rápida evolução do Ebolavírus (EBOV) em áreas florestais do sudeste do país. Reportava a um total de 49 casos, contendo 29 óbitos, ou seja, uma taxa de letalidade de aproximadamente 59%. Após 15 dias "o vírus resolveu atravessar a fronteira" de Guiné-Conacri e manifestou na Libéria. Resultado, no último relatório da OMS, dia 22.04, consta 230 casos suspeitos ou confirmados resultando em 142 vítimas fatais, das quais 129 eram da Guiné e 13 da Libéria. Por tanto, uma taxa de letalidade de aproximadamente 62%.
Será que devemos nos preocupar com estes dados do EBOV? Antes de responder a questão cabe algumas considerações sobre este agente infeccioso.
Imagem 1: Ilustração da partícula de Ebolavírus, representação de proteínas e genoma viral. (Fonte: Portal ViralZone: Ebolavírus <http://viralzone.expasy.org/all_by_species/207.html>) |
Trata-se de um vírus filamentoso de 970nm comprimento por 80nm de diâmetro. Caracteriza-se por apresentar genoma de RNA linear fita-negativa que, com tamanho entre 18-19 kb, codifica sete proteínas.
Sua origem é desconhecida, mas, acredita-se que a partícula foi introduzido para a população humana por meio de contato direto com o sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de animais infectados. Na África, a infecção foi documentada através da manipulação de chimpanzés infectados, gorilas, morcegos, macacos, antílopes florestais e porcos-espinhos encontrados doentes ou mortos ou na floresta.
A detecção do EBOV pode ser revelada por laboratórios através de vários tipos de ensaios:
- Ensaio imunoenzimático de captura de anticorpos (ELISA);
- Testes de detecção de antígeno;
- Teste de soroneutralização;
- Transcrição reversa da reação em cadeia da polimerase (RT-PCR);
- Microscopia eletrônica;
- Isolamento de vírus em cultura celular.
O período de incubação, ou o intervalo de tempo entre a infecção e o início dos sintomas, é de 2 a 21 dias. O paciente torna-se contagiosa, uma vez que começam a mostrar sintomas. Eles não são contagiosos, durante o período de incubação, desde que não haja troca de fluídos.
Os principais sintomas que os pacientes apresentam são a febre repentina, fraqueza, dor muscular, dor de cabeça e dor de garganta. Esses sintomas são seguidos por vômito, diarreia, erupções na pele, redução das funções dos rins e fígado e sangramento interno e externo intensos. Parece tenso!!!
Portanto, para responder a questão anterior indico três pontos para nos preocuparmos com EBOV:
- 1ª. As formas mais graves da doença apresentam uma taxa de mortalidade de 90%;
- 2ª. Não existe vacina, cura, nem tratamentos eficazes contra o vírus;
- 3ª. A morte surge de 1 dia a duas semanas após o inicio dos sintomas.
E conforme Edward Alvar Murphy Jr. (1918-1990) já dizia "nada está tão ruim que não possa piorar". Sendo assim, parece que piorou! De acordo de Baize et al. (2014), a análise filogenética das sequências total do genoma estabelece um clado separado para as cepas de EBOV-Guiné no relacionamento de parentesco com outras cepas EBOV conhecidas.
Além disso e ainda de acordo com Baize, o quadro clínico dos pacientes nos casos iniciais era predominantemente febre, vômito e diarreia grave. Até ai tudo bem, mas, o que surpreendeu está no fato de que a hemorragia típica da virose não foi documentado para a maioria dos pacientes com doença confirmada na altura da amostragem, porém pode ter desenvolvido durante o curso posterior da doença.
Então vamos nos preocupar!!!
Em um mundo globalizado e com uma Copa do Mundo chegando, o EBOV pode fazer uma viagem de luxo e parar aqui no Brasil, precisamente no estádio do Maracanã para acompanhar "a partida final". É possível?! Analisando geograficamente os países africanos que jogarão temos: a Costa do Marfim que faz fronteira com Guiné e Libéria; Gana que faz fronteira com Costa do Marfim; Nigéria e Camarões que já tiveram incidência da doença e; Argélia não preocuparia tanto. Dessa forma, vamos torcer para que nenhuma seleção africana fique para o final da Copa, do contrário fica a imagem de onde você não deve estar.
Brincadeiras à parte, logicamente, a OMS está tomando as devidas providência para que não haja disseminação da doença a ponto de se tornar uma pandemia. Contudo, para combatê-la será necessário, aproximadamente, 9 milhões de reais e um tempo previsto de um semestre para estabelecer o surto.
Por fim, com base nos dados do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV), segue abaixo nossa versão atualizada da taxonomia do Ebolavirus para toda comunidade científica:
Ordem: Mononegavirales
Familia: Filoviridae
Gênero: Ebolavirus
Espécie:
Familia: Filoviridae
Gênero: Ebolavirus
Espécie:
Bundibugyo ebolavirus
Guine ebolavirus
Reston ebolavirus
Reston ebolavirus
Sudan ebolavirus
Tai Forest ebolavirus
Zaire ebolavirus
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REFERÊNCIAS:
BAIZE, S. et al. Emergence of Zaire Ebola Virus Disease in Guinea - Preliminary Report. The New England Journal of Medicine, Hamburg, 16 de abril, 2014.
WHO <http://www.who.int/csr/disease/ebola/en/>